Capítulo 1
O telefone tocou. Era precisamente nove horas.
"Eu atendo!" Pippa gritou.
"Não!" Eu mergulhei passando pela criança loura de dez anos e freneticamente agarrei o telefone. Do momento em que minha jovem protegida saiu da cama, ela estivera tão agitada até que eu finalmente lhe fiz cócegas até ela uivar que iria fazer xixi nas calças. Era um dia ruim para o meu empregador, Adam, ter que ir para o trabalho, mas o que ele podia fazer? Ser demitido do trabalho porque toda vez que sua ex-mulher ligava, ela fazia Pippa ter um faniquito?
"Alô?" minha voz trinou com trepidação.
"Ahh, Rosie…" uma voz calorosa me cumprimentou.
Ah. Graças a Deus! Era Linda Hastings. Não a Viúva Negra.
"Alô Linda." Eu relanceei furtivamente para Pippa."Eu estava pensando na senhora agora. A senhora precisa de alguma ajuda para fazer alguma coisa hoje?"
"Só se você e Pippa já não tiverem planos."
Meu único plano é manter Pippa ocupada demais para ficar obcecada com as maquinações da mãe…
"Nós temos que terminar nossas lições matinais," eu disse."O pai dela deve estar em casa para o jantar, mas entre as onze e as três, nós estamos livres para o almoço."
"Tudo bem, então," Linda disse,"as duas gostariam de vir me ajudar a capinar?"
Por 'capinar,' ela quis dizer puxar duas tiras errantes de grama de um jardim ridiculamente bem adubado, e depois ela nos enviaria para casa com um cesto cheio de vegetais e algumas 'plantas mal desbastadas' que ela não pode suportar jogar fora para acrescentar ao meu próprio jardim em lento crescimento. Eu dei um sorriso malicioso com a ideia de Adam lá fora de peito nu enquanto Pippa ficava mandando nele.
"Nós estaremos aí à uma hora."
Eu desliguei o telefone e pastoreei minha jovem prometida até a cozinha. As manhãs com Pippa Bristow eram sempre um exercício mais tortuoso de ensinar a criança mais matofóbica que eu já ensinei a resolver frações pela antiquíssima avenida das tarefas domésticas. Depois de persuadi-la a medir dois terços de uma receita de panquecas, eu me troquei para o meu short de brim e uma regata de cor escura—o melhor para esconder a sujeira—e instruí Pippa a fazer o mesmo para que ela não deixasse sua camiseta favorita doMeu Querido Pônei imunda. Nós saímos para uma lição de ciências sob o pretexto de regarmos nosso próprio jardim novato.
Pippa mirou a mangueira num fileira recém-plantada de repolho, fazendo um pequeno arco-íris aparecer dentro do spray. Alta para a sua idade, havia algo de etéreo sobre a criança louro-branca de olhos prateados a quem eu fui contratada para ensinar. Como se ela fosse parte fada, frágil e bela demais para ser parte deste mundo.
"A vovó gostava de me observar regando as plantas," Pippa disse."Ela costumava sair e se sentar na cadeira."
Eu olhei de relance para a cadeira de madeira café, pintada de amarelo para combinar com a casa, colocada ao lado de uma pequena mesa desgastada. O jardim oásis repousava debaixo de uma caniçada que um dia comportou feijões-da-espanha a julgar pelos caules mortos e delgados que ainda pendiam da treliça. O jardim inteiro carregava a aparência de um cavalo cuja pelagem felpuda de inverno precisava desesperadamente de uma escovada, mas imediatamente ao redor daquela cadeira, todas as ervas daninhas foram recentemente puxadas.
"O que você e sua avó plantavam, Baixinha?"
"Nós plantávamos alface—" lágrimas encheram os olhos dela"—mas tudo murchou porque eu me esqueci de regar. A Vovó ficaria triste se soubesse que eu deixei o jardim dela morrer."
Adam disse que sua mãe havia escondido sua doença conservando sua energia para toma conta da Pippa.
"Não é sua culpa, querida," eu disse."Quando sua vó ficou doente, tomar contadela se tornou mais importante do que tomar conta do jardim dela. O que importa é que você se lembra de regá-loagora."
"Você soa muito como a Vovó," Pippa disse.
Eu dei um abraço nela, e depois nós tiramos as ervas dos pequenos brotos verdes de repolho. A terra úmida e preta entrou debaixo de nossas u